Reproduzo abaixo um post escrito por Ana Arantes, no blog dela “O Divã de Einstein“. Vale a pena visitar e explorar o o blog, cujo endereço também está nos nossos “Links”. Boa leitura!
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Eu “devia” estar preparando um aula, mas estava dando uma procrastinadinha básica no Twitter quando o @LeoBMarques mandou o link para a apresentação da Susan Savage-Rumbaugh noTED. E como cientista (pasmem!) também é gente, e como toda a gente é besta, tô emocionada com os macacos bonobos até agora.
Susan Savage-Rumbaugh é uma primatologista famosa por seus trabalhos com as macacas bonobos (Pan paniscus) Kanzi e Panbanisha. Seus estudos tentam desvendar a aprendizagem e o uso de linguagem nessa espécie de primatas e ela tem publicado artigos interessantes e intrigantes, pra dizer o mínimo!
Apesar de receber críticas de todos os lados – sacomé, humanos não curtem muito essa história de serem parecidíssimos com outras espécies, principalmente no que diz respeito à linguagem – até mesmo do famosérrimo Steven Pinker, Savage-Rumbaugh lidera um laboratório chamadoGreat Ape Trust of Iowa. Lá, ela, agora aposentada de funções administrativas, faz um monte de pesquisas sobre o comportamento simbólico dos macacos.
E mais não falo, porque assitir ao vídeo é uma AULA:
Referências boas:
Savage-Rumbaugh, E.S. (1986). Ape Language: From Conditioned Response to Symbol. New York: Columbia University Press. ASIN B000OQ1WIY
Savage-Rumbaugh, E.S., & Lewin, R. (1996). Kanzi: The Ape at the Brink of the Human Mind. Wiley. ISBN 047115959X
Savage-Rumbaugh, E.S., Shanker, S.G., & Talbot, J.T. (2001). Apes, Language, and the Human Mind. Oxford. ISBN 019514712X
Nesta reunião, nosso colega Felipe Lustosa Leite (mestrando da UFPA) apresentou – via internet – alguns resultados do seu trabalho de mestrado, provisoriamente intitulado: “Efeitos de instruções e história experimental sobre a transmissão de práticas de escolhas em microculturas de laboratório”.
Continuando as discussões sobre o papel do comportamento verbal (linguagem) na evolução cultural, discutimos o texto:
Malott, R. W. (1988). Rule-governed behavior and Behavioral Anthropology. The Behavior Analyst, 11, 181-203.
O texto está disponível na secretaria do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Experimental da PUC-SP (com Dinalva) ou através de solicitação por email (pucspacc@gmail.com).
Resumo
De acordo com o materialismo cultural, práticas culturais resultam dos produtos materialísticos destas práticas, não de predisposições sociobiológicas, mentalísticas ou místicas (por ex., hindus idolatram vacas porque, à longo prazo, tal idolatria resulta em mais comida e não em menos comida). No entanto, de acordo com a Análise do Comportamento, tais produtos materialísticos não reforçam ou punem as práticas culturais, porque tais produtos são muito atrasados, muito improváveis ou individualmente muito pequenos para reforçar ou punir diretamente as práticas culturais (por ex, o aumento da comida é muito atrasado para reforçar a adoração da vaca). Desta forma, as contingências molares, materialísticas, necessitam do apoio de contingências moleculares, comportamentais. E, de acordo com a presente teoria do comportamento governado por regras, a enunciação de regras que descrevem estas contingências molares, materialísticas, podem estabelecer as contingências moleculares necessárias. Dada uma história comportamental adequada, tal enunciação da regra combina-se com a não-aquiescência para produzir uma condição aversiva aprendida (normalmente rotulada como medo, ansiedade ou culpa). O término dessa condição aversiva reforça o seguimento/obediência, da mesma forma que sua apresentação pune o não seguimento (por ex, o término da culpa reforça o cuidado com uma vaca doente). Além disso, regras sobrenaturais geralmente suplementam estas regras materialísticas. No mais, a produção tanto de regras materialísticas quanto sobrenaturais exigem planejadores culturais que entendam as contingências molares, materialísticas.