15 opiniões sobre “O Conceito de metacontingência”
Angelo A. S. Sampaiodisse:
Em primeiro lugar, acho importante destacarmos que a própria Glenn alterou bastante o conceito de metacontingência ao longo das suas publicações. O conceito apresentado em 1986 é diferente do apresentado em 1988 e 1991, que é diferente do apresentado em 2004 (onde ela introduz o conceito de macrocontingência), que é diferente do apresentado em 2006 (junto com M. Malott)(!).
O conceito de metacontingência, como foi dito, vem sendo refinado ao longo do tempo. Glenn e Malott em 2004 e 2006 reformulam o conceito. Em 2004, tratando especificamente de organizações descrevem assim:
“Metacontingências são relações entre contingências comportamentais entrelaçadas e seus ambientes selecionadores. Junto com contingências comportamentais, metacontingências respondem pela seleção cultural e pela mudança evolucionária em organizações. Em organizações, metacontingências apresentam três componentes: contingências comportamentais entrelaçadas, seu produto agregado e um sistema de recepção. O sistema de recepção é o recipiente do produto agregado e assim funciona como ambiente selecionador de contingências comportamentais entrelaçadas. Contingências entrelaçadas não mais se repetirão caso não haja mais demanda pelo seu produto”.
O produto agregado e o sistema de recepção ambos fazem parte do ambiente das contingências comportamentais entrelaçadas. Glenn e Malott separam em dois termos (produto agregado e sistema de recepção) eventos ambientais que fazem parte da seleção de contingências entrelaçadas. Qual a utilidade dessa separação?
No nível operante de análise a resposta operante frequentemente gera diversas conseqüências ambientais, mas nem todas têm função selecionadora e, no entanto não criamos novos componentes na unidade de análise. O rato ao pressionar a barra gera como conseqüência a barra abaixada, o clique da barra, o fechamento do circuito e a água ou comida; e não precisamos de um novo componente na unidade de análise.
No nível cultural de seleção Glenn e Malott citam como exemplo de metacontingência um restaurante.
“O produto agregado das contingências comportamentais entrelaçadas do restaurante é a comida servida, e o sistema receptor são os consumidores. O restaurante sobreviverá somente se sua comida e suas características físicas (ambiente) satisfazem às exigências do ambiente selecionador (consumidores que comem nesse restaurante). A comida e o ambiente podem mudar à medida que o ambiente externo (preferência dos consumidores ou concorrência) se transforma”.
Como as próprias autoras colocam muitos operantes, pessoas e/ou sistemas contribuem para o produto do restaurante: Compras, preparação da comida, servir a comida, gerenciamento financeiro, manutenção das instalações etc. Mas qual o produto do restaurante?
Suponho aqui que um restaurante não tenha como seu produto a comida servida, mas sim dinheiro! Em um restaurante possivelmente há pessoas que tem como função dentro da organização “vender a comida” ou “cobrar pela comida”, um restaurante não apenas faz comida ele vende comida. A alteração ambiental selecionadora não seria o pagamento da comida pelos consumidores (o dinheiro no caixa)?
Outro exemplo muito comum nessas discussões é uma fabrica de carros, onde o carro é o produto agregado e os consumidores o sistema receptor. Da mesma forma é comum nas fábricas existir um setor onde funcionários da empresa são responsáveis quase que exclusivamente pela venda do produto da fábrica e possivelmente tenham pouca ou nenhuma participação na produção do carro. Uma fábrica de carros então não apenas monta carros, mas também os vende. A venda é uma alteração em um ambiente social gerada pelas contingências entrelaçadas de uma organização, no caso específico de uma empresa. O produto vendido, o que implica alterações no ambiente social, mantém as contingências comportamentais entrelaçadas.
De forma análoga no nível operante, a pressão a barra é mantida pelo reforçador água, não obstante a resposta operante gera várias alterações ambientais que teriam pouco valor reforçador sem a presença da água, que tem seu valor reforçador estabelecido pela condição de privação de água do rato.
Diferenciar conseqüências selecionadoras de alterações ambientais não selecionadoras sem dúvida pode ser muito útil para nossas análises, mas será preciso um novo termo na unidade de análise?
Acho que o produto agregado é (ou deveria ser) o que define um conjunto de contingências entrelaçadas. Como tal, ele não é exatamente parte do ambiente. Estaria junto com as contingências entrelaçadas num mesmo “lado” da unidade de análise. Não acho que haja, então, um novo componente na unidade análise. Houve sim uma troca: o “lugar” do produto agregado em formulações mais antigas de Glenn foi ocupado pelo ambiente externo/sistema receptor.
Aqui vai o conceito de metacontingências como estamos utilizando aqui no laboratório, em pesquisas experimentais.
“Metacontingências são relações recorrentes de dependência entre contingências comportamentais entrelaçadas (nas quais, cada operante é mantido por contingências de reforçamento específicas) com seus efeitos agregados (necessariamente produzidos pelo entrelaçamento) e conseqüências culturais que selecionam tais CCEs…as metacontingências envolvem os processos de variação de CCEs e de seleção por conseqüências culturais. Supõe-se a recorrência das contingências entrelaçadas, e seus efeitos agregados, e sua seleção por conseqüências, chamadas culturais (CCE-ea.–C)” (Caldas, 2009)
Notem que o conceito continua o mesmo dos últimos textos de Sigrid Glenn. Tomamos apenas algumas decisões terminológicas, também baseadas em termos utilizado por Glenn.
Olá! Sou estudante ainda (3º sem.) e por indicação de minha professora de Análise comecei a pesquisar sobre controle de estímulos e o contexto cultural. O que me trouxe até aqui! (e acredito que, desde o começo, ela quisesse que eu descobrisse sobre a Glenn!!!). Vocês poderiam me indicar alguma leitura sobre o tema, tanto algo básico como coisas realmente legais!?
Acho que você pode começar com o livro “Metacontingência: comportamento, cultura e sociedade” organizado pelo Marcio Moreira e o João Claudio Todorov. É uma boa introdução, la você ira encontrar textos como:
Glenn, S. S. & Malott, M. E. (2004). Complexity and selection: Implications for organizational change. Behavior and Social Issues, 13, 89-106.
Andery, M. A. P. A., Micheletto, N. & Sério, T. M. de A. P. (2005) A análise de fenômenos sociais: esboçando uma proposta para identificação de contingências entrelaçadas e metacontingências. Revista Brasileira de Análise do Comportamento, 1 (2), 149-165.
Para um aprofundamento maior leia:
Glenn, S. S. (2003). Operant Contingencies and the origins of cultures. Em K. A. Lattal & P. N. Chase (orgs.), Behavior theory and philosophy (pp. 223-242). New York: Klewer Academic/Plenum.
Glenn, S. S. (1989) Verbal behavior and cultural practices. Behavior Analysis and Social Action, 7 (1 and 2), 10-15.
Glenn, S. S. (1991) Contingencies and metacontingencies: relations among behavioral, cultural, and biological evolution. Em P. A. Lamal (org.), Behavior analysis of societies and cultural practices, (pp. 39-73). New York: Hemisphere.
Ficamos muito felizes em ajudar os estudantes aqui pelo blog onde você pode encontrar esses textos e também mandar suas dúvidas. Se você tiver gás, leia também os experimentos que envolvem o conceito de metacontingência tem vários na sessão arquivo.
É o seguinte, tava pensando aqui e não sei se ficou 100% claro pra mim: para que haja seleção de práticas culturais pelo produto agregado é preciso que exista uma instância receptora deste produto, certo?
Me veio o seguinte, as ruas de Salvador são muito sujas (lixo, mijo, cuspe, etc.). Aqui existe uma cultura de jogar lixo na rua (há entrelaçamento de contingências, quando alguém quer fazer xixi mandam ir na parede, por exemplo) e há um produto agregado re-ocorrente: cidade suja sempre. Estas CCEs não serão modificadas caso limpemos a cidade inteira e não me parece que a cidade suja mantenha essas CCEs. O que me dizem?
Obrigado!
Oi Marcos
Pergunta interessante, o João Claudio Todorov tem um texto sobre questões bem parecidas com essas. Que esta nesse livro : “Metacontingência: comportamento, cultura e sociedade” organizado pelo Marcio Moreira e o João Claudio Todorov.
1 – “para que haja seleção de práticas culturais pelo produto agregado é preciso que exista uma instância receptora deste produto, certo?”
– Para que haja seleção de CCEs por metacontingências precisa dessa ‘instância receptora’, são eventos ambientais sociais ou não que temos chamado de consequência cultural (CC), esta DEPENDE de CCEs+PA para ocorrer, ou seja só ocorre dado que as CCEs+PA ocorreram. Se há recorrência das ‘cces+pa’ então supomos seleção.
2 -“Aqui existe uma cultura de jogar lixo na rua (há entrelaçamento de contingências, quando alguém quer fazer xixi mandam ir na parede, por exemplo) e há um produto agregado re-ocorrente: cidade suja sempre”
– Muito do lixo na cidade (PA) não depende de entrelaçamentos para ocorrer, ou seja ocorrem atraves de contingências não relacionadas umas as outras, o sujeito ‘A’ joga lixo na rua por um motivo especifico e sendo reforçado por se livrar do lixo, por ex. O sujeito ‘B’ faz xixi na rua e é reforçado pelo alívio na bexiga (o fato dele ter sido instruido não faz do xixi no muro um PA, o xixi só DEPENDE dele) e assim por diante… De forma tal que a sujeira na rua acumulada depende de um monte de operantes que não estão relacionados ums aos outros, logo não são produtos agregados derivados de CCEs, são PAs característicos de macrocontingências.
3 – ‘Estas CCEs não serão modificadas caso limpemos a cidade inteira e não me parece que a cidade suja mantenha essas CCEs’ …
– Como disse, tenho dúvidas se essas são mesmo CCEs, desconheço um grupo que se organize para sujar a rua, agora certamente o grupo que limpa a rua (as empresas e os setores públicos responsáveis) tem como PA a cidade limpa e esses grupos, ‘deveriam’ ser mantidos por consequências que estão atreladas as ruas limpas ou sujas. Se assim o fossem a prática de limpar a cidade se tornaria recorrente e o PA cidade limpa também seria mais frequente.
Por outro lado o metrô aqui de SP tem um dado interessante, diante da sujeira que era recorrente no metrô dado que muitas pessoas jogavam lixo no chão e a limpeza so era feita no fim do dia, a empresa responsável passou a limpar de forma contínua, de forma que as pessoas geralmente encontravam um ambiente limpo quando passavam pelas estações e curiosamente a quantidade de lixo no fim do dia diminuiu, parece que um lugar limpo inibe as pessoas a jogarem lixo no chão muito mais que um lugar sujo.
Ajudou bastante,mas percebi logo depois de ter perguntado que na verdade o meu exemplo tratava de uma macrocontingência. Só me restou uma dúvida, uma das coisas que definiria a metacontingência seria que o PA só conseguiria ser alcançado com CCEs? Ou seja, um jornal só será alcançado com um certo nível de organização, até pq seria a única forma de mudarem alguns sujeitos desta organização e ela continuar funcionando (as práticas culturais seriam transmitidas)?
É por ai Marcos, um jornal enquanto instituição é um fenômeno ao qual a unidade metacontingência seria adequada. Quais entrelaçamentos, quais PAs, se as praticas são transmitidas seria uma questão de produzir medidas para esses eventos…
Anônimodisse:
Bom dia,
Sou estudante, estou desenvolvendo projeto de TCC, na abordagem da análise do comportamento, porem não tenho toda familiaridade principalmente praticas culturais e metacontingências , gostaria de saber se tem algum material que poderiam estar indicando.
UM OLHAR SOBRE OS IDEAIS DA MULHER CONTEMPORÂNEA NO BRASIL.
Estou falando sobre a história da mulher utilizei bastante a autora DEL PRIORE, M. (org) História das mulheres no Brasil, 10º ed. – São Paulo: Contexto, 2011.
Discorri sobre Casamento, maternidade, beleza e trabalho , falando um pouco na antiguidade Brasil Colonia.
Sou estudante, estou desenvolvendo projeto de TCC, na abordagem da análise do comportamento, porem não tenho toda familiaridade principalmente praticas culturais e metacontingências , gostaria de saber se tem algum material que poderiam estar indicando.
UM OLHAR SOBRE OS IDEAIS DA MULHER CONTEMPORÂNEA NO BRASIL.
Estou falando sobre a história da mulher utilizei bastante a autora DEL PRIORE, M. (org) História das mulheres no Brasil, 10º ed. – São Paulo: Contexto, 2011.
Discorri sobre Casamento, maternidade, beleza e trabalho , falando um pouco na antiguidade Brasil Colonia.
Muito relevante seu tema, ainda mais tendo em vista a luta que foi feita historicamente pelas mulheres para chegar a ter a posição na sociedade que possuem hoje. Acho que pode começar com o texto do Angelo Sampaio e de Maria Amália Andery publicado em 2010. O artigo pode ser encontrado na nossa aba arquivos, o texto traz uma boa definição de práticas culturais, mas ainda não define metacontingência, seguem algumas sugestões de textos para auxiliá-la:
Andery, M. A. P. A., Micheletto, N. & Sério, T. M. de A. P. (2005) A análise de fenômenos sociais: esboçando uma proposta para identificação de contingências entrelaçadas e metacontingências. Revista Brasileira de Análise do Comportamento, 1 (2), 149-165.
Glenn, S. S. (2003). Operant Contingencies and the origins of cultures. Em K. A. Lattal & P. N. Chase (orgs.), Behavior theory and philosophy (pp. 223-242). New York: Klewer Academic/Plenum.
Angelo A. S. Sampaio disse:
Em primeiro lugar, acho importante destacarmos que a própria Glenn alterou bastante o conceito de metacontingência ao longo das suas publicações. O conceito apresentado em 1986 é diferente do apresentado em 1988 e 1991, que é diferente do apresentado em 2004 (onde ela introduz o conceito de macrocontingência), que é diferente do apresentado em 2006 (junto com M. Malott)(!).
Rodrigo A. Caldas disse:
O conceito de metacontingência, como foi dito, vem sendo refinado ao longo do tempo. Glenn e Malott em 2004 e 2006 reformulam o conceito. Em 2004, tratando especificamente de organizações descrevem assim:
“Metacontingências são relações entre contingências comportamentais entrelaçadas e seus ambientes selecionadores. Junto com contingências comportamentais, metacontingências respondem pela seleção cultural e pela mudança evolucionária em organizações. Em organizações, metacontingências apresentam três componentes: contingências comportamentais entrelaçadas, seu produto agregado e um sistema de recepção. O sistema de recepção é o recipiente do produto agregado e assim funciona como ambiente selecionador de contingências comportamentais entrelaçadas. Contingências entrelaçadas não mais se repetirão caso não haja mais demanda pelo seu produto”.
O produto agregado e o sistema de recepção ambos fazem parte do ambiente das contingências comportamentais entrelaçadas. Glenn e Malott separam em dois termos (produto agregado e sistema de recepção) eventos ambientais que fazem parte da seleção de contingências entrelaçadas. Qual a utilidade dessa separação?
No nível operante de análise a resposta operante frequentemente gera diversas conseqüências ambientais, mas nem todas têm função selecionadora e, no entanto não criamos novos componentes na unidade de análise. O rato ao pressionar a barra gera como conseqüência a barra abaixada, o clique da barra, o fechamento do circuito e a água ou comida; e não precisamos de um novo componente na unidade de análise.
No nível cultural de seleção Glenn e Malott citam como exemplo de metacontingência um restaurante.
“O produto agregado das contingências comportamentais entrelaçadas do restaurante é a comida servida, e o sistema receptor são os consumidores. O restaurante sobreviverá somente se sua comida e suas características físicas (ambiente) satisfazem às exigências do ambiente selecionador (consumidores que comem nesse restaurante). A comida e o ambiente podem mudar à medida que o ambiente externo (preferência dos consumidores ou concorrência) se transforma”.
Como as próprias autoras colocam muitos operantes, pessoas e/ou sistemas contribuem para o produto do restaurante: Compras, preparação da comida, servir a comida, gerenciamento financeiro, manutenção das instalações etc. Mas qual o produto do restaurante?
Suponho aqui que um restaurante não tenha como seu produto a comida servida, mas sim dinheiro! Em um restaurante possivelmente há pessoas que tem como função dentro da organização “vender a comida” ou “cobrar pela comida”, um restaurante não apenas faz comida ele vende comida. A alteração ambiental selecionadora não seria o pagamento da comida pelos consumidores (o dinheiro no caixa)?
Outro exemplo muito comum nessas discussões é uma fabrica de carros, onde o carro é o produto agregado e os consumidores o sistema receptor. Da mesma forma é comum nas fábricas existir um setor onde funcionários da empresa são responsáveis quase que exclusivamente pela venda do produto da fábrica e possivelmente tenham pouca ou nenhuma participação na produção do carro. Uma fábrica de carros então não apenas monta carros, mas também os vende. A venda é uma alteração em um ambiente social gerada pelas contingências entrelaçadas de uma organização, no caso específico de uma empresa. O produto vendido, o que implica alterações no ambiente social, mantém as contingências comportamentais entrelaçadas.
De forma análoga no nível operante, a pressão a barra é mantida pelo reforçador água, não obstante a resposta operante gera várias alterações ambientais que teriam pouco valor reforçador sem a presença da água, que tem seu valor reforçador estabelecido pela condição de privação de água do rato.
Diferenciar conseqüências selecionadoras de alterações ambientais não selecionadoras sem dúvida pode ser muito útil para nossas análises, mas será preciso um novo termo na unidade de análise?
Angelo A. S. Sampaio disse:
Acho que o produto agregado é (ou deveria ser) o que define um conjunto de contingências entrelaçadas. Como tal, ele não é exatamente parte do ambiente. Estaria junto com as contingências entrelaçadas num mesmo “lado” da unidade de análise. Não acho que haja, então, um novo componente na unidade análise. Houve sim uma troca: o “lugar” do produto agregado em formulações mais antigas de Glenn foi ocupado pelo ambiente externo/sistema receptor.
Rodrigo A. Caldas disse:
Aqui vai o conceito de metacontingências como estamos utilizando aqui no laboratório, em pesquisas experimentais.
“Metacontingências são relações recorrentes de dependência entre contingências comportamentais entrelaçadas (nas quais, cada operante é mantido por contingências de reforçamento específicas) com seus efeitos agregados (necessariamente produzidos pelo entrelaçamento) e conseqüências culturais que selecionam tais CCEs…as metacontingências envolvem os processos de variação de CCEs e de seleção por conseqüências culturais. Supõe-se a recorrência das contingências entrelaçadas, e seus efeitos agregados, e sua seleção por conseqüências, chamadas culturais (CCE-ea.–C)” (Caldas, 2009)
Notem que o conceito continua o mesmo dos últimos textos de Sigrid Glenn. Tomamos apenas algumas decisões terminológicas, também baseadas em termos utilizado por Glenn.
Robisom Lima disse:
Olá! Sou estudante ainda (3º sem.) e por indicação de minha professora de Análise comecei a pesquisar sobre controle de estímulos e o contexto cultural. O que me trouxe até aqui! (e acredito que, desde o começo, ela quisesse que eu descobrisse sobre a Glenn!!!). Vocês poderiam me indicar alguma leitura sobre o tema, tanto algo básico como coisas realmente legais!?
Muito obrigado!!!
Rodrigo A. Caldas disse:
Olá Robison
Acho que você pode começar com o livro “Metacontingência: comportamento, cultura e sociedade” organizado pelo Marcio Moreira e o João Claudio Todorov. É uma boa introdução, la você ira encontrar textos como:
Glenn, S. S. & Malott, M. E. (2004). Complexity and selection: Implications for organizational change. Behavior and Social Issues, 13, 89-106.
Andery, M. A. P. A., Micheletto, N. & Sério, T. M. de A. P. (2005) A análise de fenômenos sociais: esboçando uma proposta para identificação de contingências entrelaçadas e metacontingências. Revista Brasileira de Análise do Comportamento, 1 (2), 149-165.
Para um aprofundamento maior leia:
Glenn, S. S. (2003). Operant Contingencies and the origins of cultures. Em K. A. Lattal & P. N. Chase (orgs.), Behavior theory and philosophy (pp. 223-242). New York: Klewer Academic/Plenum.
Glenn, S. S. (1989) Verbal behavior and cultural practices. Behavior Analysis and Social Action, 7 (1 and 2), 10-15.
Glenn, S. S. (1991) Contingencies and metacontingencies: relations among behavioral, cultural, and biological evolution. Em P. A. Lamal (org.), Behavior analysis of societies and cultural practices, (pp. 39-73). New York: Hemisphere.
Ficamos muito felizes em ajudar os estudantes aqui pelo blog onde você pode encontrar esses textos e também mandar suas dúvidas. Se você tiver gás, leia também os experimentos que envolvem o conceito de metacontingência tem vários na sessão arquivo.
Abraços e boa leitura
Felipe Leite disse:
Oi Rodrigo,
Você tem sua dissertação em PDF já?
Se sim, pode me passar?
Abraços.
Rodrigo A. Caldas disse:
Já ta no arquivo!
“Análogos experimentais de seleção e extinção de metacontingências”
Marcos Spector Azoubel disse:
É o seguinte, tava pensando aqui e não sei se ficou 100% claro pra mim: para que haja seleção de práticas culturais pelo produto agregado é preciso que exista uma instância receptora deste produto, certo?
Me veio o seguinte, as ruas de Salvador são muito sujas (lixo, mijo, cuspe, etc.). Aqui existe uma cultura de jogar lixo na rua (há entrelaçamento de contingências, quando alguém quer fazer xixi mandam ir na parede, por exemplo) e há um produto agregado re-ocorrente: cidade suja sempre. Estas CCEs não serão modificadas caso limpemos a cidade inteira e não me parece que a cidade suja mantenha essas CCEs. O que me dizem?
Obrigado!
Rodrigo A. Caldas disse:
Oi Marcos
Pergunta interessante, o João Claudio Todorov tem um texto sobre questões bem parecidas com essas. Que esta nesse livro : “Metacontingência: comportamento, cultura e sociedade” organizado pelo Marcio Moreira e o João Claudio Todorov.
1 – “para que haja seleção de práticas culturais pelo produto agregado é preciso que exista uma instância receptora deste produto, certo?”
– Para que haja seleção de CCEs por metacontingências precisa dessa ‘instância receptora’, são eventos ambientais sociais ou não que temos chamado de consequência cultural (CC), esta DEPENDE de CCEs+PA para ocorrer, ou seja só ocorre dado que as CCEs+PA ocorreram. Se há recorrência das ‘cces+pa’ então supomos seleção.
2 -“Aqui existe uma cultura de jogar lixo na rua (há entrelaçamento de contingências, quando alguém quer fazer xixi mandam ir na parede, por exemplo) e há um produto agregado re-ocorrente: cidade suja sempre”
– Muito do lixo na cidade (PA) não depende de entrelaçamentos para ocorrer, ou seja ocorrem atraves de contingências não relacionadas umas as outras, o sujeito ‘A’ joga lixo na rua por um motivo especifico e sendo reforçado por se livrar do lixo, por ex. O sujeito ‘B’ faz xixi na rua e é reforçado pelo alívio na bexiga (o fato dele ter sido instruido não faz do xixi no muro um PA, o xixi só DEPENDE dele) e assim por diante… De forma tal que a sujeira na rua acumulada depende de um monte de operantes que não estão relacionados ums aos outros, logo não são produtos agregados derivados de CCEs, são PAs característicos de macrocontingências.
3 – ‘Estas CCEs não serão modificadas caso limpemos a cidade inteira e não me parece que a cidade suja mantenha essas CCEs’ …
– Como disse, tenho dúvidas se essas são mesmo CCEs, desconheço um grupo que se organize para sujar a rua, agora certamente o grupo que limpa a rua (as empresas e os setores públicos responsáveis) tem como PA a cidade limpa e esses grupos, ‘deveriam’ ser mantidos por consequências que estão atreladas as ruas limpas ou sujas. Se assim o fossem a prática de limpar a cidade se tornaria recorrente e o PA cidade limpa também seria mais frequente.
Por outro lado o metrô aqui de SP tem um dado interessante, diante da sujeira que era recorrente no metrô dado que muitas pessoas jogavam lixo no chão e a limpeza so era feita no fim do dia, a empresa responsável passou a limpar de forma contínua, de forma que as pessoas geralmente encontravam um ambiente limpo quando passavam pelas estações e curiosamente a quantidade de lixo no fim do dia diminuiu, parece que um lugar limpo inibe as pessoas a jogarem lixo no chão muito mais que um lugar sujo.
Espero ter ajudado
Marcos Spector Azoubel disse:
Ajudou bastante,mas percebi logo depois de ter perguntado que na verdade o meu exemplo tratava de uma macrocontingência. Só me restou uma dúvida, uma das coisas que definiria a metacontingência seria que o PA só conseguiria ser alcançado com CCEs? Ou seja, um jornal só será alcançado com um certo nível de organização, até pq seria a única forma de mudarem alguns sujeitos desta organização e ela continuar funcionando (as práticas culturais seriam transmitidas)?
Rodrigo A. Caldas disse:
É por ai Marcos, um jornal enquanto instituição é um fenômeno ao qual a unidade metacontingência seria adequada. Quais entrelaçamentos, quais PAs, se as praticas são transmitidas seria uma questão de produzir medidas para esses eventos…
Anônimo disse:
Bom dia,
Sou estudante, estou desenvolvendo projeto de TCC, na abordagem da análise do comportamento, porem não tenho toda familiaridade principalmente praticas culturais e metacontingências , gostaria de saber se tem algum material que poderiam estar indicando.
UM OLHAR SOBRE OS IDEAIS DA MULHER CONTEMPORÂNEA NO BRASIL.
Estou falando sobre a história da mulher utilizei bastante a autora DEL PRIORE, M. (org) História das mulheres no Brasil, 10º ed. – São Paulo: Contexto, 2011.
Discorri sobre Casamento, maternidade, beleza e trabalho , falando um pouco na antiguidade Brasil Colonia.
Maria da Gloria disse:
Bom dia,
Sou estudante, estou desenvolvendo projeto de TCC, na abordagem da análise do comportamento, porem não tenho toda familiaridade principalmente praticas culturais e metacontingências , gostaria de saber se tem algum material que poderiam estar indicando.
UM OLHAR SOBRE OS IDEAIS DA MULHER CONTEMPORÂNEA NO BRASIL.
Estou falando sobre a história da mulher utilizei bastante a autora DEL PRIORE, M. (org) História das mulheres no Brasil, 10º ed. – São Paulo: Contexto, 2011.
Discorri sobre Casamento, maternidade, beleza e trabalho , falando um pouco na antiguidade Brasil Colonia.
Henrique Angelo disse:
Oi Maria da Glória,
Muito relevante seu tema, ainda mais tendo em vista a luta que foi feita historicamente pelas mulheres para chegar a ter a posição na sociedade que possuem hoje. Acho que pode começar com o texto do Angelo Sampaio e de Maria Amália Andery publicado em 2010. O artigo pode ser encontrado na nossa aba arquivos, o texto traz uma boa definição de práticas culturais, mas ainda não define metacontingência, seguem algumas sugestões de textos para auxiliá-la:
Andery, M. A. P. A., Micheletto, N. & Sério, T. M. de A. P. (2005) A análise de fenômenos sociais: esboçando uma proposta para identificação de contingências entrelaçadas e metacontingências. Revista Brasileira de Análise do Comportamento, 1 (2), 149-165.
Glenn, S. S. (2003). Operant Contingencies and the origins of cultures. Em K. A. Lattal & P. N. Chase (orgs.), Behavior theory and philosophy (pp. 223-242). New York: Klewer Academic/Plenum.
Espero ter ajudado!